quarta-feira, 9 de junho de 2010

Parada gay procede? por Alba Querino

Orgulho e preconceito. Essa duplinha impagável anda de mãos dadas! Não sei quem vale menos.

Drix, esse tema é tão, tão...Importante, tão delicado, tão amplo, tão doloroso...
Que eu vou me manter na parada que você me trouxe.

Nunca participei de uma parada gay. Só vi em flashes pela mídia, então não sei se posso escrever sobre o que não conheço experimentalmente; que não vivi com todos os meus sentidos.

Posso dizer do quanto gosto da criatividade, da alegria e da capacidade de trazer leveza em um campo minado de dor que é a experiência de alguém que assume publicamente a sua opção sexual - porque, minha amiga, como já dissemos antes em outros textos - quando estamos fora do famigerado script social rasteiro e homogeneizado, é difícil ser um indivíduo. Quem consegue é alguém com substância.

Também não gosto de levantar bandeiras de forma tão sistemática, tão gritante, pois como você bem disse, terminamos por confirmar o que queremos dissolver, erradicar do planeta! Esse é o ponto mais delicado do seu post, e esse meu ainda não consegue dizer o que tem para ser dito a respeito. Vale para movimento negro, para gordinhos, cadeirantes, feios, desempregados, doentes, iranianos, mulçumanos, candomblecistas, cada situação fora do tal script. Ou seja, todo mundo de algum jeito...Sacou, cara pálida?! É você mesmo, não é a Drix, não. É você. E eu, e ela...

A mesma coisa a respeito do politicamente correto. Não confio no politicamente correto porque ele traz implícito o incorreto: é melhor chamar de secretária, porque não vamos chamar a empregada de empregada, não é mesmo?!

Acredito na autoaceitação. No agir proativo. Na serenidade do poder pessoal. Já reparou quando alguém é centrado na sua, a presença já silencia todo mundo? Quando alguém É naquilo que acredita, a gente nem argumenta nada, a gente se perde em nossas miudezas... A gente respeita. E o que era anormal se mostra extraordinário!

Por isso, garotos e garotas TPM! Não vamos cair no delírio do mais superficial para florescer aquilo que é mais profundo! Amantes dos homens, das mulheres, das árvores, dos japas e dos negões de Adriana!

Tenhamos princípios éticos, criemos beleza, refrigeremos a alma, aprendamos línguas para dialogar com os desconhecidos iguais nos quatro cantos do mundo e, então, nos espantaremos com a beleza da diversidade, sempre.

Quando quero saber se algo dentro de mim preenche os requisitos do bom e do belo, respiro e percebo se há uma expansão em meu peito. Se sim, isso é bom e belo. Se não, procuro abrir mão. Nem sempre sou tão consciente assim, mas continuo tentando. E todas as virtudes expandem.

A parada gay procede? Sim. SIM. SIM! Se ela for efetivamente, profundamente colorida como o arco-íris, no mais belo do seu sentido!