Cartas de Afrodite para Apolo Solar


Uma sessão de encounter ou a História da Sereia Afobadinha e do Bode Amoroso-Teimoso.




...E ela não sabia muito o que fazer...Horas mergulhava na água, horas voltava para as pedras esperando ver lá de cima da montanha aquele Bode Amoroso-Teimoso aparecer...Horas desistia, horas suspirava imaginando que algo podia acontecer, se mover nas nuvens, algum sinal...Então, mergulhava de novo, ia lá no fundo do mar...Voltava, suspirava...Tomava sol nas pedras e olhando lá para cima, algum sinal daquela barbicha tão bonita...
 
O Bode desaparecera havia dias...

Às vezes, a Sereia Afobadinha sabia que devia deixar o Bode quieto. Deixar ele pastar a vontade, às vezes achava que ele devia sentir alguma saudadinha dela, uma sereiazinha tão carinhosa, tão mansinha e tão arisca também. A Sereiazinha tinha uma leve impressão que o Bode de alguma forma gostava de desafios, de curar escamas de sereias quebradas...Ele era movido a desafios...Ela sabia no coração dela que de alguma forma o Bode vinha preparando as coisas, cultivando, nutrindo, ensinando a ela respirar fora d´água, para que ela pudesse subir a montanha com ele e ver lá de cima todo o visual. Deixar a profundeza dos oceanos faria bem a ela...Ela sabia que ele sabia...Mas a Sereia era afobadinha e quase morria, às vezes, sufocada, buscando o ar fora da água...E ele, um Bode Amoroso mas bem teimoso, esticava a barbicha e se perguntava onde fora procurar uma sereia tão afobada! Ele, um bode pra lá de empacado, acostumado a respirar nas alturas dos ventos gelados da montanha, se deixar ficar curioso por aquela criatura cantante, mas muito cheia das ideias, muito da entendida...e claro, afobada!
 
Sem falar que quando ele mostrou a barbicha para ela a primeira vez, não estava assim um vento leste bom que valorizasse a beleza daquela barbicha linda branca...Ele achou que ela nem vira a barbicha dele, nem gostara, que ela se arrependera de ter saido do fundo do mar,  de ter deixado os golfinhos dela nadando sozinhos para vir ver a barbicha que não voou naqueles dias...O vento não soprou...
 
Mas o Bode Teimoso-Amoroso estava completamente enganado! A Sereia Afobadinha tinha visto tudo, e gostado! Gostou tanto que se assustou com aquele monte de sentimento explodindo dentro...Tinha visto a barbicha, os chifres fortes, o pelo dele todo alinhado...E mais, tinha visto como o Bode Teimoso-Amoroso subia com facilidade a montanha gelada, saltando as pedras e chegava sem arfar lá em cima no cume, olhando majestoso o cenário lá embaixo...Ela admirava a força e a inteligencia do Bode.
 
A Sereia passava as mãos na cauda e encontrava uma ou outra escama quebrada, das vezes em que ela tentara sair da praia e se machucara. E o Bode, nessas horas em que a Sereia mergulhava para molhar as escamas e não perder mais algumas, achava que ela não estava nem aí ou que já tinha se ido embora e ficava bravo com a indiferença aparente da Sereia.
 
Bodes precisam aprender a lidar com Sereias. E Sereias precisam compreender os Bodes e sua teimosia, sua força que pode até queimar.
 
Sereias de vez em quando precisam voltar para os oceanos e descer nas profundezas das águas dos sentimentos. Elas ficam assim muito choronas, muito emotivas, muito estranhas...É a sua natureza...Elas precisam molhar, aguar...Quanto mais cheia a Lua, mais doce a Sereia fica e desce no fundo do mar para resgatar seu canto...
 
Bodes precisam subir a montanha sozinhos, e lá ficar deixando a barbicha voar no vento da sabedoria...Precisam de um tempo distantes senão começam a dar coices, patadas, berrar...Têm que descer e subir a montanha até sentir saudade da maresia, da brisa morninha da praia, da Sereia...Por isso, ela não pode se afobar e ele precisa saber esperar ela ressurgir do oceano misterioso e cheio de fantasias lunares.
 
Um dia, depois de muito desencontro e achando não ter mais remédio entre os dois, o Bode decidiu partir de volta ao monte. Foi sem nem dizer adeus à Sereiazinha...Quando ela surgiu na superficie da água, subiu as pedras da Praia dos Encantos, ele não estava lá...Deixou recado com as tartarugas que ela não o procurasse mais, não insistisse, ele não ia mais voltar...
 
A Sereia Afobadinha chorou todo o Atlântico...Foi um corre corre na praia para ninguem se afogar e ao invés de ela esperar quieta o Bode tomar tento, e perceber que ela o queria tanto, desatou a se afobar...E rolava nas pedras, e se enchia de ansiedade, e danava a cantar...
 
O Bode lá em cima, querendo um tempo, via aquele movimento todo, começou a olhar...Via lá embaixo a Sereia se contorcendo, pensava: ficou doida a criatura doce, ficou alucinada, não vou suportar!
 
E a Sereia, arrancando as escamas mais lindas, mais luminosas, arremessando pro alto até nele alcançar. Uma foi, a segunda voou, a terceira passou raspando...A quarta enganchou no olho esquerdo do Bode...e assim, de repente, lá em cima da montanha tinha um mar madrepérola de escamas reluzentes...O Bode, todo teimoso, começou a amorar, amorou, amorou...Sentiu o cheiro do mar e esticando a barbicha linda (nesse dia o vento foi generoso e quem nunca tinha visto, passou a admirar!) teve de um estalo, uma ideia: aqui em cima vou fazer uma piscina e ela vem passear...Assim não fica seca, toda descamada, se banha nas águas e pode comigo pastar. Vou ensinar as mágicas da montanha, as ervas de comer, de benzer e de curar. Vou mostrar as quatro direções e berrando, comigo ela vai cantar...
 
O Bode que não se deixava vencer fácil, pois sempre morou nos lugares mais secos possíveis, mais altos e inimagináveis. Começou a descer, a pegar areia, pedras e conchas e a subir. Escolheu outra praia, porque sendo a Sereia muito afobadinha, com certeza se soubesse, ia atrapalhar...Ele já nem se zangava, já dava era risada do jeito dela todo especial...Uma sereia meio alucinada, mas que cantava tão doce, tão meiga e com uma barbatana tão macia...Cabelos cheirosos, olhinhos brilhantes...Uma doce criatura...esquecida, sensível, arisca e malcriada se não compreendia as coisas, afinal...
 
O Bode levou uns meses construindo  a piscina. Quando terminou, pôs flores e essências...Tudo era lindo, perfumado e original no ponto mais alto da montanha...
Desceu acelerado, sorridente como quase nunca, e berrando chamou a Sereia do fundo do Mar. Ela quase nem esperava mais...ressabiada, tinha ficado cantando lá pelos lados dos Mares do Sul...Tinha aprendido a confiar, novos cantos, tinha passado a limpo o pranto, sentindo ele, pensando nele, mas sem nada mais esperar...Atendeu ao berro forte e subiu nas pedras da Praia dos Encantos.
 
O Bode tinha uma surpresa, queria levá-la lá em cima. Perguntou se ela vinha respirando fora d´água. Ela disse que sim, e ele: boa menina!
Amarrou ela na cintura com os cabelos e levou morro acima.
 
A Sereia afobadinha não podia acreditar! Por Poseidon, uma piscina!!! Vou mergulhar...E o fundo era todo coberto de escamas, as escamas que um dia ela jogara na tentativa afobada da reconquista...Era a coisa mais linda, quando os raios de sol penetravam naquelas águas e refletiam a luminosidade...
 
A Sereia olhou pro Bode...olhou...olhou...a barbicha voou no vento leste passando...O Bode Amoroso quase não era mais teimoso...e desataram a rir...rolaram de dar risada, gargalhar de toda aquela afobação e teimosia...porque o bom era poder amar.
 
E assim a Sereia relaxou na água. O Bode encontrou a risada e de tempos em tempos, subia nos montes sozinho, sabendo que a Sereia relaxada, sabia que ele voltava, quando fosse para voltar.  
Cartas de Alba para Apolo Bode Solar...


**************************************************

 "Você...que não conheço mais.."




 
Eu podia começar a escrever para você como a música do Rei : “ Você, que eu não conheço mais...”  É um fato...eu não te conheço mais. Na verdade, imagino que a conclusão verdadeira seria que eu não te reconheço mais. Lembro daquele seu jeito calmo, sereno de quem achava que tudo na vida poderia se resolver “Amor, fique calma... as coisas não estão ruins agora, eu sei. Mas a gente se ama e isso vai ajudar a gente, porque eu sempre vou estar a seu lado pra te ajudar.” Lembro que você me disse isso uma semana antes de me deixar sem maiores explicações...apenas, “aconteceu”.

Nossa relação teve altos e baixos. Mais altos do que baixos, é fato. Sempre tivemos muita conversa, muito papo cabeça. O que nos ajudou sempre, nos orientou e nos deixou longe dos famigerados “DR’s” . Te amei tanto (ainda te amo), te desejei intensamente. Seu toque, me deixava mole, quente, embevecida com meu próprio tesão. Eu sentia o seu desejo que emanava por sua respiração. Éramos uma pessoa só. Sim, isso existia com a gente!  E existe até hoje? Já não sei...

Já são mais de três meses que me vejo perdida dentro de mim mesma. Tentando resgatar uma vida que não sei porque vim parar. Não sei porque você criou isso para nós. Lembra que adorávamos sentar em uma mesa de restaurante ou um bar legal e conversar indefinidamente? Nossas conversas sempre eram longas. Tínhamos assunto, idéias, motes...éramos um complemento.  Lembro de quando eu acordava e te observava dormir...em uma serenidade de criança. Fazia carinho em seu rosto, você acordava, me dava um sorriso lindo, cheio de paz e me puxava com seu braço para que eu não saísse da cama...e me dizia
“ Vai não bebê...fica aqui comigo, vem dormir” . Eu, dia a dia, fico me perguntando onde isso se perdeu, em qual estrada você deixou esse carro ir na contramão.

Você quer saber a real? Ainda trago você aqui dentro... em pedaços. Não que se quebraram, mas que se descolaram. Como um quebra-cabeças daquele que compramos em grandes lojas de brinquedos sabe? Eu comprei um imaginário para ti. Ele está aqui, todo desmontado...tem dias chuvosos que eu começo a montá-lo, embalada em minhas lembranças quase fugidias. Tem outros dias que eu o desfaço todo novamente (o pedaço que eu já tinha feito) com raiva, mágoa, tristeza....e sigo nessa balança de subidas e descidas. Até o dia que eu, finalmente, conseguir entender que (como diria Ana Carolina), eu não sou a pessoa certa para você...

Cartas de Drix para o meu Apolo Solar...




***********************************************







As Cartas de Afrodite a Apolo Solar nasceram de um envolvimento real. Um dia, a arte de dialogar e se envolver, se encantar e se dizer umas verdades necessárias! Apolo e Afrodite podem muito bem ser casados, namorados, amigos, ou o casal íntimo que cada um carrega dentro de si mesmo e que completa o nosso ser.

Quando permitimos a Afrodite e a Apolo se comunicarem, mágicas podem acontecer. O mistério do amor pode ser revelar, sabia?! As Mulheres TPM , que não são bobas nem nada, abrem o Monte Olimpo aqui, e todas nós poderemos enviar nossas mensagens de amor, de desejo, das dúvidas e do ‘disque denúncia sentimental’!

Podem mandar suas cartas para womantpm@gmail.com , tecer comentários por aqui, apoiar, discordar...e daremos cinco  mãozinhas para ajudar a compreender o universo apolíneo e o próprio universo afroditeano. Faremos a nossa parte para o encontro ou desencontro solar-estelar.

Os Apolos também são bem vindos a se posicionar, a revelar as suas versões, opinar, concordar, discordar e se defender, claro! Mas o mais importante: aqui, Apolos e Afrodites se conhecerão mais profundamente e se encontrarão na sua maior beleza: se revelar. Tem coisa mais divertida, atraente e apaixonante quando esses dois deuses se encontram e se encantam?! Nós, particularmente, adoramos!

Ah, não esqueçam de convidar Dionísio, para trazer aquele vinho maravilhoso e fazer uma happy hour daquelas!


Carinhos lunaris solaris! 

TPM's