quinta-feira, 10 de junho de 2010

Parada gay... Procede? por Bianca Chetto

SIM, eu acho que a parada gay está sem foco. E isso é uma pena.... Sendo bem sincera, uma vez que um movimento se torna um ‘evento’, é difícil (pra não dizer impossível) restaurar a sua integridade. A saída que eu vejo pro movimento LGBT é investir em outras formas de manifestação. Eu até poderia fazer algumas sugestões mais concretas, mas sinceramente, não tenho muita noção do que é exatamente que essa causa procura. Sim, pois só há manifestação de fato, quando se quer reivindicar algo. Legalizar o casamento gay? Adoção? Não sei bem como esses pontos estão definidos legalmente no Brasil...

Agora, se o que a comunidade LGBT procura é a aceitação social, é a igualdade social, então estamos falando de um tipo completamente diferente de movimento. Pra mudar uma lei, basta pressão política, mas pra mudar um hábito (pois eu enxergo o preconceito como um hábito, mais do que como um sentimento) é preciso uma re-educação que deve partir da convivência.

Se posso ser sincera, eu vejo o movimento (de forma muito superficial, eu admito) como um movimento cada vez mais discriminatório. A sensação que tenho é de que à medida que a comunidade LGBT vai buscando seus próprios caminhos, seu próprio estilo musical, seus próprios ídolos, ela vai também criando barreiras, muros mesmo, (de proteção, talvez) que bloqueiam a aproximação de pessoas que tem uma vocação sexual diferente. Não se estou explicando isso da maneira correta... Vou tentar mostrar o que quero dizer com situações que aconteceram comigo.

Sou fã da Maria Gadu; e o publico da Maria Gadu é, em sua grande maioria, LGBT. Ai a Gadu veio fzr um show aqui, e eu me empolguei toda pra ir... Quando comentei com minha amiga (que eh lesbica) que eu ia pro show, ela me olhou de cima a baixo e disse: “Vai fazer o que lá? N vai ter ninguém da sua turma... Ou você agora é da MINHA turma?” Algo muito parecido aconteceu no show da Ana Carolina... Eu estava na porta do show com um grupo de amigas e tinha muita gente do lado de fora (ninguem tinha dinheiro pra pagar o ingresso) Ai eu vi um amigo que estava com um grupo (todos homossexuais) e fui lá falar com ele. Na saída, ouvi uma menina (que já me conhecia) perguntar pra ele: “Bianca tá perdida é?”

Já passei por uma série de situações desse tipo, mas n cabe citar todas elas e nem quero fazer parecer que me senti profundamente ofendida com esses comentários, que estou magoada ou que foram situações gravíssimas. Nada disso. O que quero dizer é que, às vezes, talvez sem se dar conta, a própria comunidade LGBT se exclui. Discrimina o que não “pertence ao grupo”. Pode ser que eu tenha essa impressão por que só tenho contato com pessoas da minha idade, adolescentes (com toda aquela necessidade de auto-afirmação a flor da pele) e que a coisa seja diferente quando se trata de indivíduos adultos e maduros. Lol. Mas é o que dizem: O jovem de hoje é o adulto de amanha (ou algo do tipo)...

Acho que perdi o foco um pouquinho. Sendo mais objetiva, acho que não tem espaço para a Parada Gay como movimento ‘símbolo’ da causa LGBT, embora seja válido como uma comemoração por tudo que já foi conquistado. E a idéia que quero passar é que as comunidades ‘discriminadas’ (tenho medo de usar essas plavras pq td hoje em dia eh considerado uma ofensa... “/) devem buscar compartilhar o mundo, contribuir para ele, (see the big picture) e não separá-lo.

Espero que tenha ficado politicamente correto o suficiente. “/

Sugar to ya’ll.

Parada Gay...procede? - por Carla Palmeira


Foto: Google imagens


Levantar “bandeiras”?


É um tema bem polêmico para se discutir, muitas ideias surgem na minha cabeça e para filtrá-las em um dia de TPM (Tensão Pré Menstrual e não Ternas, Polivalente e Modernas) fica difícil, vamos levando...


Acredito que é muito mais fácil assumir um posicionamento de vítima do que mostrar que as coisas podem ser diferente, é menos trabalhoso e as pessoas se esforçam por você. Concordo com minha amiga Drix quando ela diz: “se você levanta intensamente uma bandeira contra um preconceito que rola, você, automaticamente, se auto-preconceitua!”.

Sempre acreditei que o inicio do preconceito, ou como diria meu irmão, do “pré” “conceito”, era iniciado pela vítima, seja ela judia, negra, homossexual, japonês, pobre, entre outros que vemos ou ouvimos diariamente.


Até ano passado, eu nunca tinha ido a uma parada gay, fui no intuito apenas de fotografar o colorido, abrindo um parêntese fotográfico, É MUITO LINDO DE REGISTRAR, porém pude observar que as pessoas que estão ali nem imaginam o objetivo daquela ação, estão apenas curtindo a “farra”, fora isso, a política enxergou nesse tipo de evento uma maneira de realizar campanhas, a "meninada" achou o momento de chocar, sim! De mostrar que é “descolada”, que é “atitude”, os travestis viram o momento de mostrar a beleza do seu trabalho, hoje a parada gay virou mais um ato comercial do que algo que devemos se orgulhar.


Fui presidente de Diretório Acadêmico da Faculdade, fui Vice presidente de um Federeção de estudantes de Hotelaria e Turismo âmbito regional, entrei nesse barco porque eu acreditava que podia fazer muita coisa em prol dos estudantes da área e de termos atenção, porém a militância estudantil virou berço de futuros políticos, infelizmente concordo com o ditado: “de boas intenções o inferno está cheio”...é assim que como todas as militâncias, os protestos e afins perdem seu objetivo, saem do seu foco e vira tudo um carnaval.


"Assim caminha a humanidade..."

O começo do fim ou Parada gay procede? Por Mariana Chetto


Acho que ainda não chegou o tempo em que levantar esta bandeira não seja mais necessário. Mas entendo e concordo com Drix quando diz que muitas vezes estas bandeiras acabam por acenar com o efeito contrário, ou seja, a vítima do preconceito acaba por se afirmar como "diferente".

Creio, porém, que isso faça parte da evolução natural de todas as mudanças sociais que aconteceram e acontecem na história da humanidade. É sempre assim na busca por se fazer aceitar algo novo. Sempre se exagera e a balança pende para o outro extremo. Mas isto é apenas uma forma da balança acomodar-se até atingir o equilíbrio.

Assim como Alba também nunca participei de uma parada gay e por isso não me sinto capaz de dizer se é válida ou não. O que percebo e penso é que se a parada gay ainda existe é porque muitos ainda precisam se utilizar dela para se posicionar no mundo. Se identificar.

Drix está é antecipando uma tendência. Uma vez que é só uma questão de tempo para que já não haja mais necessidade de levantar esta bandeira, de identificar-se ou rotular-se como isso ou aquilo. E digo mais: este tempo está muito próximo. Ou melhor, para a nova geração, para jovens entre 15 e 20 anos este tempo já chegou:

"...são o retrato de uma geração para a qual não faz mais sentido enfurnar-se em boates GLS (sigla para gays, lésbicas e simpatizantes) - muito menos juntar-se a organizações de defesa de uma causa que, na realidade, não veem mais como sua. Na última parada gay de São Paulo, a maior do mundo, a esmagadora maioria dos participantes até 18 anos diz estar ali apenas para "se divertir e paquerar" (na faixa dos 30 o objetivo número 1 é "militar"). A questão central é que eles simplesmente deixaram de se entender como um grupo. São, sim, gays, mas essa é apenas uma de suas inúmeras singularidades - e não aquela que os define no mundo, como antes. Explica o sociólogo Carlos Martins: "Os jovens nunca se viram às voltas com tantas identidades. Para eles, ficar reafirmando o rótulo gay não só perdeu a razão de ser como soa antiquado".

O trecho acima foi retirado da Revista Veja, Edição de 12/05/2010

É isso. É só uma questão de tempo...