sábado, 26 de março de 2011

O copo. Por Mariana Chetto




O copo. Vidro, fragilidade. Linda metáfora que Bia usou. Quase perfeita se não fosse por um pequeno detalhe: relação se reconstroe e pode sim voltar a ser transparente, cheia de brilho e completa. Não será o mesmo brilho, é verdade,  mas poder ser até mais bonito. E com certeza será bem mais resistente.
Para falar a verdade acredito que é destas quebras e recontruções que se fazem os verdadeiras relacionamentos, aqueles que realmente são duradouros. Porque, gente, é impossível não errar. É impossível estar com alguém e, em algum momento, não decepcionar, magoar, perder a mão. Quebrar o copo. Se ter uma relação exigisse que a gente nunca errasse, fosse por ação ou por omissão, não, definitivamente, não existiria relação.
Até concordo que quando o encanto se quebra não volta. Mas encanto é ilusão. É muito bom e necessário para tudo começar, mas encanto não tem nada a ver com amor. Na verdade o amor começa depois que o encanto se quebra...
Bom, aí fica tudo muito mais difícil. Sim. Sem o encanto é tudo muito mais difícil. Mas quem disse que o amor vedadeiro é fácil? Não é não. É aprendizado para toda vida.
Não estou dizendo com isso que devemos permanecer numa relação seja lá o que tenha acontecido. Não é isso. O que quero dizer é que devemos ter sempre a clareza de que não é o fato que é imperdoável, impossível de ser esquecido ou superado. Somos nós que ainda não estamos prontos para perdoar, esquecer e superar. E isso faz toda a diferença, pois se você crê que o fato é imperdoável não há o que se fazer. Pronto e ponto. Nunca você terá chance de recuperar algo que talvez valesse realmente a pena. Por que nunca fará a seguinte reflexão: Ok. Foi horrível, doloroso e estou magoada, mas será que não posso realmente perdoar? Se valer a pena (é claro!) você poderá tentar superar e quem sabe reconstruir a relação. Se concluir que não consegue esquecer, bem, aí não tem jeito mesmo. Não adianta forçar. Será bem pior... É por um fim e sofrer o que poderia ter sido e que não foi...
Sei que com Bia não foi bem isso. Não havia o que perdoar, superar ou esquecer. Omissão é, sem dúvida, bem mais complicado... Mas de qualquer forma, Bia, seja lá o que for que tenha acontecido, acredito mesmo que sempre se pode recomeçar. Se os dois quiserem - e quanto a isso não tem jeito, os dois tem que querer -  mas se realmente quiserem, estiverem dispostos, podem sim recomeçar. Não. Realmete nunca será o que vocês tinham antes. "Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia". Mas pode sim ser algo novo e quem sabe muito melhor...

O copo - Por Carla Palmeira

Google imagens

Copos de vidro.
De cores variadas e de fragilidades impressas, cada um ao seu modo, cada um com durabilidades instáveis, uns refletindo a bela luz do dia e outros na opacidade de um tempo ruim.

Não tive apenas um copo quebrado, mas a prateleira toda, tentei aproveitar os poucos que quebraram, alguns tinham arranhões, outros um pedacinho daqueles que machucam a boca quando bebemos água, e os que sobraram, bem, os que sobraram ao chão eu enrolei no jornal e joguei fora.

Ser transparente em relacionamentos novos após ter tantas quebras fica difícil. Confesso, que os olhos não escondem, mas também não revelam, apenas deixa o mistério de algo.

Não sou de quebrar copos alheios, mas tenho um grave defeito, deixo que quebrem os meus. Durante um tempo relativamente longo, polia aquele copo especial, translúcido. Fazia um arco de cores diversas todas às vezes que ele chegava, a primeira vez que ele esbarrou no copo eu havia acabado de polir e pela primeira vez havia trocado de posição para admirá-lo, não partiu tanto, teria que ter apenas cuidado ao beber. Quando aconteceu a segunda vez, a situação começava a mudar, analisava mais o que eu poderia fazer, na terceira e ultima vez, o copo não resistiu e os pedaços minúsculos brilhavam no chão como poeira de purpurina, já era!

Tenho que concordar com nossa mascote, permitimos por diversas vezes que derrubem nossos copos ou até mesmo criamos caminho para que isso aconteça e inconscientemente fazemos a mesma coisa com o outro, deixamos a janela aberta em dia de ventania, esbarramos na mesa da sala e quebramos aquele copo que acabara de beber água e aí não tem volta. Colar? Só se for para olhar o copo e lembrar o que aconteceu, então, melhor deixar como está e não tentar remediar ou assumir a quebra e as suas consequências.

P.s: Se eu pudesse, trocava os de vidros por alumínio...