
De perto, ninguém é normal. Caetano disse isso com muita sabedoria...Ufa! Graças a Deus, não precisamos mais fazer esforço para ser...
Bom, eu não posso deixar de dizer que me senti identificada com o texto de Maricotinha Quindim, quando ela falou do script, das palavras nos textos. Li, reli, fui a todos os meus posts, identificar, porque automaticamente me lembrei de algumas que tinha escrito...É, é preciso ter cuidado com elas.
Uso as palavras pensando que elas são insuficientes. Ingratas até, porque elas não transmitem a dimensão do que realmente se sente; elas podem, inclusive, se tornar rebeldes e ter vida própria! Por isso a necessidade do contexto, mas mesmo assim corre-se o risco...
Então, repensei a respeito do que eu quero dizer com alguns conceitos que crio com as palavras.
O que penso sobre script? O script, para mim, tem a ver com crenças. As crenças que temos a respeito de como as coisas devem ser na nossa vida.
Quando uso essa noção de script no trabalho, uso com a função de me libertar daquilo que me limita, daquilo que impõe. Se abro mão do meu script, reencontro a possibilidade de me reinventar a cada momento.
Já o script social, eu penso que é o que se diz que deve ser socialmente, uma ideologia que paira sobre nossas cabeças, às vezes sutilmente, às vezes não. Ele é escrito previamente, não leva em conta como cada um é. Também não é fixo, muda de acordo com o tempo e com o espaço, com o grupo. O que é script na Bahia, não é lá na Mauritânia.
Esse script não tem a ver com as coisas em si, mas com a idéia de como as coisas devem ser.
Ele inviabiliza a gente criar as nossas possibilidades. Não é o que eu vivo que é rasteiro e homogeneizado. Mas o que eu penso a respeito do que vivo. Não é o casamento que é ruim, é a idéia que tenho de casamento que pode ser ruim. Não é ser mãe que é ruim, mas a idéia de maternidade que pode me deixar com uma sensação de que não sou uma mãe boa. Não é ser homossexual que é ruim, mas o que penso disso ou de ser heterossexual.
Eu me pergunto se a gente escolhe mesmo como vai ser a nossa vida, ou se ela acontece e a gente vai tecendo o caminho. Mas correr atrás da vida para preencher o que deve ser, esse é o script. E as palavras me sacodem, me chacoalham e me fazem refletir sobre.
Gostei muito da figura de Adriana. A vaquinha de cabeça para baixo totalmente igual, na essência que a identifica como vaca, questionando a outra vaquinha sobre a definição de normalidade. Dá para dizer o que é normal?!
Hoje, ficar triste é proibido. Por isso um monte de gente toma as pílulas da felicidade. E muita gente anda realmente deprimido, e precisa das pílulas. E muita gente que está só triste pensa que está deprimido e é medicado. É o script atuando. Seja feliz, seja feliz!
Muito bom a gente se questionar e possibilitar que os nossos visitantes TPM também cutuquem a gente!
Bom, infelizmente ainda não consegui o texto mais enxuto. Mas estou me esforçando, juro!