quarta-feira, 14 de julho de 2010

A tal da Culpa...ou Meu nome não é Jonas...Por Alba Querino



Se eu sinto culpa? Hum-hum. Ainda sinto algumas culpinhas inconvenientes...
Resquícios da minha fase de incompreensão a respeito das questões religiosas...Falo em religião porque é sempre a institucionalização da fé que cria esse sentimento de culpa. A culpa não existe no espectro das emoções e sentimentos naturais. Tristeza existe, amor existe, paixão existe, raiva existe, alegria também. É biológico e comprovado. A culpa, não.

Um leão culpado? Um beija-flor cheio de remorsos? Uma rosa choramingando as furadas de seus espinhos nos dedos dos namorados...Hum-hum, não, não. Ao meu ver, ela não serve mesmo para nada além de criar sofrimento. Mas ainda sinto umas culpinhas...he he he.

O grande Mestre Jesus não parecia se sentir culpado. Ele estava lá compassivo, amoroso, curador, terno e direto nas respostas aos homens de boa e má vontade. Ele até amou Judas, o traidor que possibilitou a glória dele como o Messias, filho de Deus, aquele que entendeu o Pai. Bom, até onde eu compreendo as Escrituras...

Além de Jesus, tenho outro mestre, por sinal bastante controvertido, Osho. Ele me trouxe a dimensão da responsabilidade. Muito diferente de culpabilidade. Responsabilidade, no mundo osheânico, significa a habilidade de responder à vida. Acho lindo!

Sendo responsável por mim, por minha história e em como lido com os eventos incontroláveis criados pela Existência – Deus em minha vida, sou capaz de, finalmente, compreender que sou Filha do Universo, tenho direito a tudo que aí está. E, se compreendo essa minha qualidade divina, é imediato ver a qualidade divina do outro. Não tem a menor lógica me dar todos os direitos na vida e olhar para meu vizinho e achar que ele não possui, não é? Se for assim, aí, vou ter que aceitar a minha condição de leve estupidez. Se sou, o outro também é. Se mereço amor, o outro também. Se mereço comer, me divertir, trabalhar, respeito, idem pro meu vizinho de porta e pro pessoal lá da Tanzânia, e pros índios, enfim. E toda a minha relação com o que acontece ao meu redor muda...magicamente.

Quando essa sua dor insuportável veio e você experimentou, hoje, você é capaz de compreender a dor de muita gente. Compreender de uma forma sentida, não pensada. E a sua bondade pode aflorar e acolher verdadeiramente quem chegue.

O conceito de moralidade é mutável, de acordo com o tempo, o lugar, as pessoas. Coisas imorais antes, são perfeitamente de acordo com a moral de agora...Agora, ser ético, ser verdadeiro consigo mesmo é outra coisa, não muda. E a verdade é sempre amorosa. Às vezes, coisas ditas ruins têm um efeito maravilhoso. Outras vezes atos bondosos não constroem nada.

Ontem, li a resposta às minhas perguntas ao Nirav, e ele me disse o seguinte: a Vida (= Existência = Deus) não escolhe a quem abençoar. ‘Esse sim, que é bonzinho, esse não, que é mal.’ A Vida simplesmente abençoa a todos. É o que acontece na história bíblica de Jonas que vale a pena ler...Quem diria, hein?! Eu dando uma de evangelizadora...eu, hein?!