domingo, 25 de abril de 2010

Eu não falo como a nega do leite. Eu sou a nega do leite!!!! ou Peixe morre pela boca... por Alba Querino

Muito prazer.
E como a própria, eu compreendo perfeitamente a sua situação Maricotinha...Vim para falar, ops!, para escrever sobre essa ‘falacice’ toda, essa abundância de ksldvkmkjfjdiofjifbndçlkkpso... de idéias, de sentimentos, de insights que dançam, dançam e quase não podem esperar, pululam na boca, saltam pelos olhos, rolam pela língua sem que possamos fazer nada, a não ser catar as letrinhas no final, se o resultado foi um tanto...digamos assim, momento de suspense no silêncio do outro (claro que não o nosso. O nosso vem depois!). Pronto, a bomba explodiu, aliás, falou...

De cá do meu leite, eu digo que isso é realmente impiedoso, às vezes, com a faladora contumaz, mas não há alma no mundo que não reconheça o humor agridoce que a gente tem. A rapidez de raciocínio, a alegria intensa e, para mim, a característica mais importante: a sinceridade. Sim, somos sinceras. Honestas com a gente e com o outro, tanto que não dá nem para censurar a fala. Não dá pra passar o bip, e logo, ops! Saiu... Fazer o que...

Não chega a ser uma falta de educação, uma franqueza massacrante, tem um charme nessa veracidade do pensamento-discurso-ação... Primeiro: é simples. Segundo, a mentira não vem, cara! A mentirinha, o disfarce não vem na mente.

Quer saber quando estou muito triste, chateada, surpresa? Quando estou sem palavras. Ponto. É comovente quando me encontro assim.

E não é que andamos por aí soltando verbo, sem respirar, sem escolher destinatário e sem parar, feito sopa de letrinhas fumegante (lá vem a comida juntinho com as palavras). Não, falamos muito, mas falamos para quem se dispôs a ouvir, quem está ali, perto, olhando, quase pedindo! Sem saber exatamente o que vai sair dessas boquinhas falantes mimosas.

Aqui, falo da língua desenrolada, falo até da inocência de quem fala e de todos os mal-entendidos que podem vir depois...das conseqüências cármicas!! É, cármicas, profissionais, religiosas, amorosas...é uma situação essa conversa sem fronteiras, sem disfarces!

Será que temos realmente que fechar a boca, ou o mundo está tão acostumado à máscara da boquinha silenciosa que não se compromete, não opina, não se posiciona? Será que devemos fazer uma triagem e esconder os nossos verdadeiros sentimentos para sermos mais agradáveis aos outros? Será que? Será?

Não basta saber falar, há que se saber escutar. Há que saber quando interromper e se deixar ser interrompida, inclusive. E além do mais, o silêncio é precioso. Quando uma nega do leite lhe der o seu silêncio, meu amigo, minha amiga, aí, sim, tá na hora de bem nos escutar! O resto é churumela, que eu nem entendi direito esse meu texto, politicamente incorreto, sem eira nem beira, uma ‘escreveção’ só! Ah, além de falar muito, invento palavras, ok? Tá dito.

2 comentários:

Maria Inês disse...

"Será que temos realmente que fechar a boca, ou o mundo está tão acostumado à máscara da boquinha silenciosa que não se compromete, não opina, não se posiciona?"

Me fez refletir Alba, será que isso não é aprendido? Será que a nossa cultura que transpira hipocrisia aparente não nos tenha ensinado que é bonito apenas ouvir, e quem falar de mais terá que ser banido do grupo?


Ótimo texto.


Um forte abraço
Até sempre

Alba Querino disse...

Oi Maria Inês!
Também reflito muito sobre esse silêncio que convém...que acoberta.
Que bom que você gostou do texto, seja sempre bem vinda!
Abraço, Alba.